quarta-feira, 1 de julho de 2009

Gente é prá brilhar, não prá morrer de tédio ...

Saudosa Maloca!

Por Rogério Monteiro

Segundo Nelsinho Motta, quem viveu plenamente os Anos 70 não lembra de quase nada, e nisso ele tem absoluta razão. Entretanto, esta memória enevoada, repleta de hiatos desbotados, não é causada apenas pelos excessos (muitos) cometidos por uma geração espremida entre a caretice dos Anos 50 e a contracultura dos 60 e 70. As recordações são tantas – e tão boas - que para não entupir nossos labirintos mentais carcomidos de fumaça, álcool e tempo só instantes realmente mágicos permanecem, guardados como pérolas no baú de cinzas do passado. Quem pouco tem a lembrar de tudo lembra, já quem assistiu A Hard Days Night na matinê do Imperial, dormiu num sleeping bag “on the road”, viajou de yellow sunshine no Hide Park ou catou cogumelo na Praia do Rosa precisa selecionar bem suas recordações, senão estoura de vez a capacidade do seu hard disk. Num mundo cada vez mais pasteurizado pela economia e pela internet, regido pela ditadura dos celulares e dos “chats” que eliminam convivências e enquadram perfis, possuir recordações como aquelas que nós (que viramos gente na Década de 70) temos é mais que uma benção, é doce melodia a embalar nossos destinos até que a velha bruxa bata à porta com sua foice afiada. Surgido da mente sempre inquieta da Marta, um desses seres iluminados que a vida coloca no caminho da gente para nos aliviar o fardo de existir, “De Paris a São Borja” é mais que armário virtual onde armazenar viagens, é uma estupenda oportunidade para misturar lembranças e idéias e delas fazer uma vitamina de experiências que congregue sobreviventes e alimente espíritos, porque, parodiando Caetano Veloso, “gente foi feita para brilhar, não prá morrer de tédio”.

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